Excertos.
Diamanda Galás funde a feitiçaria lírica, espectáculos de luz e sangue resplandecente na sua Missa de Peste, supostamente para exorcizar a dor na era da SIDA. Hermann Nitsch, o fundador vienense do Teatro de Mistérios das Orgias, promete catarse através de uma combinação de música, pintura, prensagem de vinho e derrame cerimonial de sangue e vísceras de animais.As pinturas renascentistas mostravam as cabeças de mártires com sangue ou lambidas; as tragédias de Shakespeare acabavam em esfaqueamentos.
Mas a teoria ritual não explica as actividades por vezes estranhas e intensas dos artistas modernos, como quando um artista performativo usa sangue. Para os participantes num ritual, a clareza e concordância de objectivos são centrais; o ritual reforça a devida relação da comunidade com Deus ou da natureza através de gestos que todos conhecem e compreendem.
Porém, o público que vê um artista moderno não entra com crenças e valores partilhados, ou com conhecimento prévio do que vai acontecer. A maioria da arte moderna, no contexto do teatro, galeria, ou sala de concertos, carece do reforço de fundo da crença comunitária omnipresente que dá sentido em termos de catarse, sacrifício, ou iniciação.
O público aqui não se sente parte de um grupo e por vezes fica chocado e abandona a sala. Isso aconteceu em Minneapolis quando o artista performativo Ron Athey, que é seropositivo, cortou a carne de um colega artista em palco e depois pendurou toalhas de papel embebidas em sangue sobre o público, criando pânico.
Se os artistas apenas querem chocar a burguesia, torna-se bastante difícil distinguir a arte do Artforum de uma performance de Marilyn Manson que inclui rituais satânicos de sacrifício anima,l em palco.
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