March 08, 2022

Ainda bem que quase não vejo noticiários e programas de comentário da TV portuguesa...

 


Ou são políticos a fazer propaganda ao seu partido ou são sicofantas do governo ou são pessoas com cabeça de velhos soviéticos. Quando estes comentadores militares dizem que são neutrais e depois dizem, "Agora, entendo que quase o empurraram [a Putin] para essa opção." é para rir. Se fosse neutral ele diria que podia perceber que Putin interprete dessa maneira, mas ao dizer que Putin quase não tem outra opção está a defender a acção de Putin e, pelos vistos, nem percebe que o faz. Acham natural que Putin, a maior potência nuclear do mundo se sinta ameaçado com um país pacífico e sem armas nucleares e que "tenha sido quase forçado a invadi-lo", mas não acham natural que os países da NATO se sintam ameaçados pela maior potência nuclear do mundo ser governada por um ditador bélico sem escrúpulos... grande neutralidade...

São estas pessoas com mentalidade soviética que nos puseram onde estamos: percebem tão bem o ponto de vista de Putin que passaram estes anos todo a defendê-lo, a ele e aos seus argumentos. Se estivéssemos em 1939 também diriam que Hitler foi empurrado para invadir a Polónia e que não tinha outra opção senão levar a guerra aos outros. E dizem que isto é a realidade, que é a geopolítica. Se os que construíram a ONU, a Carta dos Direitos Humanos e a UE, há 70 anos sem guerras entre si, pensassem como estes soviéticos que passam o tempo a defender 'é a realidade, estúpido', nunca as teriam construído e ainda hoje estávamos com éramos.

-------------------------------

O que têm em comum? São generais portugueses, passaram pela ex-Jugoslávia e todos compreendem as razões pelas quais Putin invadiu a Ucrânia. Ou fazem análises “neutras” sobre a Rússia do ponto de vista geopolítico? Três oficiais-generais que têm feito análises televisivas à guerra tornaram-se esta semana tema de comentário na comunidade militar e entre especialistas de política internacional. Há mesmo quem os acuse de “putinismo”: o major-general Raul Cunha chegou a dizer, na SIC, que “o Presidente russo foi encurralado” pela NATO e justificou a anexação da Crimeia; o major-general Carlos Branco disse ao “Observador” que a Rússia não ia “permitir a chacina da população ucraniana russa” em Luhansk e Donetsk, classificando a parte ucraniana como “a ameaça”; um terceiro analista, o major-general Agostinho Costa, tem usado (nos três canais de televisão) argumentos como “a preocupação [dos russos] em não causar baixas civis”, ou a desvalorização da coluna paralisada perto de Kiev. No dia seguinte à invasão, garantiu: “Os russos já estão em Kiev.” E disse que Volodymyr Zelensky tinha fugido para Lviv, na zona ocidental.

“Não são posições pró-russas, a meu ver são neutrais”, defende-se o major-general Carlos Branco ao Expresso. “Ninguém defende o Putin. É geoestratégia, é power politics”, explica. “Temos de nos meter nos sapatos deles e perceber como eles nos olham, e procurar uma solução inteligente”, para o fim do conflito, “onde ninguém perca a face”, acrescenta o major-general Agostinho Costa. “Não sou um comentador, sou um analista. Não tenho uma bola de cristal, mas passei a minha carreira em sítios onde estes assuntos eram tratados, e tenho por obrigação perceber estas operações e o patamar político”. Já o major-general Raul Cunhagarante: “Não sou pró-russo nem ‘putinista’, se nos chamam isso é por não terem argumentos. Estou absolutamente contra a opção de Putin invadir e sou contra toda e qualquer invasão de um Estado soberano”, justifica. “Agora, entendo que quase o empurraram para essa opção.”


No comments:

Post a Comment