October 02, 2021

Covid-19 - Há discursos e discursos

 


Lê-se a entrevista de Sakellarides e depois as declarações de Torgal e Torgal parece mais um propagandista do governo do que um médico porque defende o total abandono de todos os cuidados apenas porque há vacinas. Se bem que vai dizendo que há risco para idosos e pessoas com patologias graves. Pois, patologias graves têm muitos alunos (ele fala em 'crianças' como é costume entre quem não sabe do que fala e pensa que desde a pré-primária com 3 anos até ao 12º com 18 ou 19 anos todos os alunos são crianças) e muitíssimos professores, a maioria com mais de 55 anos, enfiados em salas pequenas, mal arejadas com 30 alunos durante horas e horas seguidas. Por causa destes discursos, à Costa, já tive EE a argumentar que não faz sentido certos cuidados que temos na escola, dado que até o governo já disse que nos podíamos libertar dos cuidados com a Covid-19, como se a pandemia tivesse sido declarada como morta. Torgal pode ser especialista em saúde pública mas não é especialista em alunos e escolas.


Constantino Sakellarides. "Este modelo de governação não funciona no mundo de hoje"


Ex-diretor-geral da Saúde diz que é preciso uma visão estratégica para enfrentar problemas de saúde e envelhecimento. Defende que máscaras devem ser usadas em alguns períodos do outono/inverno, em função do risco.

(...)

Somando-se ao que se via já nas épocas de gripe, com uns anos com maior excesso de mortalidade que outros.

Uma das coisas que a pandemia nos ensinou foi que levávamos a gripe sazonal de uma forma demasiado ligeira. Mostrou que se tivermos algum cuidado quando a transmissão é alta, com medidas simples de distanciamento, lavar as mãos e usar uma máscara, podemos não ter gripe ou ter menos gripe. Não ter gripe ou outras complicações respiratórias com incidências muito elevadas permite-nos não desorganizar o SNS, não termos aquela confusão que se vê muitas vezes no inverno e não encurtar vidas da forma como a gripe tem encurtado. E aqui volto à questão da informação: as epidemias são fenómenos locais, não são fenómenos globais nem nacionais nem regionais. São fenómenos locais que se expandem. E nesse sentido não interessa às pessoas saber o momento em que a gripe está acima da linha e atinge o pico em Portugal, interessa conseguirem saber como está nas suas comunidades. Se souberem isto, sabem que em alguns períodos do ano em que têm de ter mais cuidado, podem usar máscara nessas semanas, aumentam o trabalho à distância, as empresas podem usar um termómetro à entrada para ver a temperatura.

São medidas que deviam continuar a ser usadas nos invernos?

Sim e com muito mais rigor do que fizemos no passado. Por outro lado temos de pensar a médio e longo prazo nas cidades em função do que aprendemos e aí estou um bocado desanimado, porque parece estar tudo a voltar ao normal. Sinto que há mais trânsito hoje do que havia antes da pandemia, não sei se é impressão, mas parece que desatou tudo a viver como antes. Temos de aproveitar estes desafios, não só a vacina, mas tudo o que aprendemos que não resulta e afeta a qualidade de vida das pessoas para perceber que não há razão, ainda mais no inverno, para irmos todos aos mesmos sítios ao mesmo tempo, irmos todos aos serviços de saúde ao mesmo tempo ou trabalharmos todos ao mesmo tempo. Podemos pensar em formas que permitam modelar o tráfego, as distâncias e as relações, mantendo-se com a qualidade necessária mas sem correr riscos desnecessários especialmente em períodos em que sabemos que existem mais riscos em termos de saúde pública.

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“Não há nenhuma justificação para que as crianças dentro das salas de aula estejam com máscara”


Jorge Torgal, especialista em saúde pública, considera que as medidas de desconfinamento já deveriam ter começado antes. E considera que estando professores e auxiliares vacinados, as não crianças necessitariam de usar máscara mesmo dentro das salas de aula.

Para Jorge Torgal, membro do Conselho Nacional de Saúde Pública, esta nova fase de desconfinamento já poderia ter acontecido, tendo em conta a grande cobertura vacinal contra a covid-19 que o país tem. Numa análise às últimas alterações das regras, considera que as normas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) continuam a ter pouco em conta a eficácia da vacina. “Hoje sabemos que uma pessoa que está vacinada tem uma muito baixa possibilidade de transmitir a doença e de vir a adoecer. E sabemos quem são os 5% que podem vir a adoecer. São pessoas de idade muito avançada ou com patologias graves”, diz em entrevista ao PÚBLICO. O professor Catedrático jubilado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e especialista em saúde pública considera que não há razões científicas, perante os dados existentes, para os alunos continuarem a usar máscaras nas salas de aula.


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