October 29, 2021

Contra a demagogia, a chatice dos factos

 


Isto que se passa no IPO e em outros hospitais é o resultado dos cortes às cegas do governo Costacenteno, cuja metade que mandava que os da bola lhe oferecessem benesses, está agora entachada no BdP.

Quanto à Temido, nem vale a pena dizer para pôr os pés na realidade, porque isso é algo que a ultrapassa. O último responsável destes incompetentes todos à frente dos ministérios é o primeiro-ministro. E é por estas e por outras que este governo não podia continuar. E sim, ia pôr muito dinheiro na saúde e na educação mas à toa, sem plano ou estratégia.

Ontem o chefe dos empresários dizia que estava tudo assustado com o dinheiro que se ia "esbanjar" na saúde e educação. Esses aí querem serviços públicos de qualidade mas não querem pagá-los, nem aos impostos - na cabeça dessa gente devíamos ser como os estagiários a quem não pagam salários. Os estagiários são servos que não precisam de comer. Os pais que os sustentem. E já agora que paguem os impostos que eles não pagam. Este é um país de esquemas e de esquemáticos. E é tudo legal!

De facto, o que temos é uma crise de valores, como li hoje: competência, honestidade, decência, noção de serviço e etc.


IPO-de-Lisboa-sem-capacidade-para-tratar-mais-doentes

“Ninguém quer trabalhar no IPO, só se fica por vocação. Perdemos as regalias que tínhamos por trabalharmos numa unidade de cancro, como mais dias de férias e boas condições de trabalho: os horários e os turnos eram respeitados”, explica uma enfermeira. “Agora os rácios que nos dão colocam a vida dos doentes em risco. Há enfermeiros que entram e ao fim de 15 dias já estão a administrar quimioterapia.”

A enfermeira fala em desalento. “É muito triste dizer a um doente que vai começar os tratamentos mais tarde do que devia ou encarar as famílias: ‘o meu pai fazer a TAC daqui a três meses mas devia ser num mês’ ou ‘não vai começar a fazer rádio porque não há vaga’ ou ver faltar apoio psicológico porque não se consegue receber mais ninguém — serão menos de dez psicólogos para todo o IPO e só um para as crianças.”

Em 2021, o IPO precisava de 2231 profissionais, tem perto de 2070. O défice é, no entanto, mais agudo do que transparece do resultado porque atinge uns grupos profissionais mais do que outros, desde logo os enfermeiros. O fim do estado de emergência decretado durante a pandemia devolveu a mobilidade aos profissionais de saúde, e uns aproveitaram-na e outros foram dispensados [ver números]. Só o IPO-Lisboa perdeu até ao final de setembro 196 pessoas, das quais 71 enfermeiros, 80 assistentes técnicos e operacionais, 15 médicos e 17 técnicos de diagnóstico e terapêutica.

“No verão passado, o IPO-Lisboa foi autorizado a contratar cerca de 70 profissionais, e encontram-se atualmente em curso vários processos de recrutamento e seleção. Sucede que as necessidades identificadas para 2021 são superiores às autorizações concedidas e que os profissionais contratados e/ou a contratar são em número inferior aos que saíram”, explica a administração. Mas há outro senão, e talvez mais difícil de resolver.No caso de algumas profissões, nomeadamente enfermeiros, não há candidatos em número suficiente ou com as qualificações requeridas para preenchimento das vagas abertas. 

Assim sendo, a administração é perentória: “A não contratação dos recursos humanos necessários compromete o aumento da capacidade instalada, resultante dos investimentos realizados nos últimos anos (ampliação e renovação do bloco operatório, unidade de transplante de medula, serviço de radioterapia, entre outros).” Fica igualmente em causa “a necessidade de construir um novo edifício para os serviços de ambulatório”.

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