July 18, 2021

Lembro-me de algumas querelas em jornais mas não eram esta arengada entre o Pacheco Pereira e o Nuno Palma

 


Tinham outra finura na maneira de se atacarem ideologicamente e muitíssimo menos demagogia.

É verdade que assim que alguém diz algo positivo da época de Salazar aparecem logo pessoas conotadas à esquerda a rasgar as vestes e a gritar 'fascistas', o que é ridículo, mas também é verdade que, assim que isso acontece, os da outra banda, os conotados com a direita, aparecem, por sua vez, a gritar, 'estamos reféns da estrema-esquerda' etc. No entanto, tanto uns como outros reivindicam ser contra os tribalismos e os extremos. Acontece que é exactamente o que são: tribais e extremistas.

Esta discussão começou mal porque um indivíduo faz considerações sobre a economia do Estado Novo e em vez de isso dar origem a uma discussão esclarecedora e rica sobre essa época deu origem a que fosse logo chamado de fascista com denúncias no local de trabalho para o prejudicar... uma coisa indigna e miserável; depois o próprio, o Nuno Palma, resolve baixar ao mesmo nível dos que o atacaram: chamou-lhes nomes, desde miseráveis que ninguém conhece, provincianos, extremistas da esquerda, etc.

No meio disto tudo, o que me custa é que se tenha perdido a oportunidade para discutir um assunto que mim me interessa e se calhar interessava a muitas outras pessoas. Já passaram quase 50 anos desde o 25 de Abril e ainda não sabemos discutir o tempo da ditadura com um mínimo de objectividade? Estamos, nisso, ao nível da Rússia, da China e outros países do género onde o passado é indiscutível. Preferia, nisto, estar do lado da Alemanha ou dos EUA, que discutem, analisam, estudam e tentam compreender o passado para evitar repeti-lo. O que é muito mais inteligente e pedagógico. E sério.

Esta discussão é de uma pobreza intelectual de ambos os lados, que chateia. Parecem discussões do futebol. Hoje, PP, abre o artigo a queixar-se da agressividade do adversário (o que é verdade) para em seguir o colar, agressivamente, a Trump - ou seja, fez o mesmo... para quê...?

Lembro-me de algumas querelas em jornais que se arrastavam por meses e nos faziam comprar os jornais, mas não eram esta arengada sem interesse nenhum. Havia elevação intelectual, muitas alfinetadas, sim, mas cheias de ironia e estilo. Que diabo! Uns e outros são professores universitários e isto é o melhor que sabem?




esta imagem não é minha

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