February 28, 2021

Realidade 1.2.




As escolas estão fechadas por luto e não por razões sanitárias

Em janeiro, a discussão sobre fechar ou não escolas era apenas sobre as crianças mais velhas. Ninguém pedia que se fechassem as creches, o pré-escolar ou os primeiros dois ciclos do ensino básico. Grosso modo, e falando em idades, discutia-se o encerramento de escolas para crianças e jovens com mais de 12 anos. Mesmo os mais radicais, como Manuel Carmo Gomes, nas famosas reuniões do Infarmed, era isso que defendiam.

Defendiam-no por preverem cenários assustadores, com vários milhares de casos de covid por dia, durante várias semanas. Com base nestes cenários infernais, calculavam que só no início de abril, a seguir à Pascoa, portanto, é que seria possível reabrir as escolas. E, repito, reabrir as escolas para os maiores de 12 anos, porque as outras não teriam sequer fechado.

Em que ponto estamos? Com todas as escolas fechadas e sem planos de reabertura. Especula-se que depois da Páscoa comecemos a reabri-las de forma muito faseada. Não faz sentido: do ponto de vista sanitário, não só estamos muito melhor do que o previsto, como estamos melhor do que no início de janeiro, quando a discussão começou. Na verdade, estamos melhor que alguma vez estivemos, de acordo com alguns indicadores, como o Rt, que está nos valores mais baixos de sempre. O número de novos casos está em níveis de setembro. O excesso de mortalidade diária desapareceu.

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O excesso de mortalidade diária desapareceu, pela razão de as escolas terem fechado e deixar de haver por aí mais quase dois milhões de pessoas a circular à conta disso. 

Àqueles que repetem que nas escolas quase não há contágios, era bom que pensassem: é-nos dito todos os dias que não se sabe a origem de 85% dos contágios. Sendo assim, como se pode concluir que a escola tem, ou não, mais ou menos contágios? Se respondem com os números do ME, sabem que estão a contar com aldrabices porque não apenas o ministro se recusou a dizer como sabemos que os números oficiais são uma ponta do iceberg, já que nem os pais avisam quando os filhos estão doentes, para não ficarem todos em isolamento, nem os próprios muitos vezes sabem porque não têm sintomas e não são testados. De facto, mesmo com este desconhecimento, antes de fecharem, as escolas estavam cheias de Covid e quem está nas escolas sabe: 30 professores em isolamento, seis turmas em isolamento, escolas onde todo o secundário foi para casa, ou o básico; turmas com 30 alunos, sem nenhum distanciamento. Etc.

Porque é que, em vez de defenderam que se abra as escolas sem segurança, não defendem a segurança nas escolas: turmas com um número razoável de alunos, testes, equipamento, professores vacinados, horários desfasados, equipamentos informáticos? Sei que este ano já não vamos a tempo porque os dois ministros da educação que estão no ministério não fazem o seu trabalho, como se viu por este ano, mas talvez se pressionassem muito a equipa do ME, eles começassem a preparar o ano lectivo que vem, que ainda há-de ser em pandemia, pelo menos no 1º período.

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