January 13, 2021

A voz dos outros

 


Tive que sair e chamei a minha taxista. Está desanimada e furiosa com o governo. Diz que o negócio estava a melhorar aos poucos desde o Verão e que nos últimos dois meses já não teve prejuízo, mas com este confinamento vai voltar tudo atrás. Ela culpa o governo porque, como diz, as pessoas já têm tendência a ser irresponsáveis e a não cumprir recomendações (aqui em Setúbal, pelo menos uma vez por semana a polícia tem que ir interromper festarolas de dezenas de pessoas) e como se isso não bastasse o governo deu ordem de se juntarem no Natal. Valeu a pena esta derrocada por um dia ou dois de festa? Não. O maior negócio dela era com os hotéis: ir buscar e levar clientes ao aeroporto e aos hotéis. Como o turismo acabou, o negócio acabou. Ela acha que estamos entregues a gente estúpida que só pensa em votos. Eu também.

O hospital público de Setúbal está calamitoso. Passaram os doentes não-covid para o Outão que era o hospital dos ossos, por assim dizer, mas agora é o hospital normal. O hospital normal está todo requisitado para doentes Covid e está nos limites ou já os passou. Uma pessoa da família dela é enfermeiro no hospital e ligou-lhe a dizer, 'não metas aqui os pés de maneira nenhuma'.

Havia necessidade disto? Não, não havia.


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