January 27, 2021

A lista da vergonha




Excepto 2 ou 3 pessoas, mais ninguém devia estar nesta lista. Desde quando os ministros ou os secretários de Estado são mais insubstituíveis que outros cidadãos?  Por razão de quê? Com que fundamento? São mais importantes enquanto pessoas? Pertencem à raça superior intocável? A sua vida tem mais valor que a de outros?

Este país envergonha-me. Envergonha-me que o governo, o presidente e todos os outros se achem pessoas com mais valor e importância que os seus concidadãos. Que isto calhe no dia da lembrança das vítimas da ideologia da raça superior é só uma amarga e sombria ironia.

Ainda bem que não votei em nenhum destes tristes. Pessoalmente considero isto um roubo e todos os que forem elos nesta cadeia de farpar outros, são cúmplices. Estão a roubar vacinas e, quem sabe se a vida, a idosos, a médicos e outras pessoas que têm problemas de saúde e/ou trabalhos de grande risco.

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por Paulo Moutinho

Num despacho publicado em Diário da República, o Governo veio definir a ordem de vacinação dos seus vários membros, entre ministros e secretários de Estado. E o primeiro a receber a vacina no Executivo é o chefe deste, António Costa, que, recorde-se, passou os últimos dias de 2020 (Natal incluído) em isolamento profilático em São Bento após um contacto com Emmanuel Macron, que testou positivo à Covid-19.

Depois de Costa, serão vacinados os ministros de Estado, ou seja, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, mas também Pedro Siza Vieira, da Economia, e João Leão, que tem a pasta das Finanças. Contudo, estes dois últimos deverão ficar para mais tarde tendo em conta que ambos testaram positivo para o novo coronavírus, assim como todos os ministros e secretários de Estado que estiveram ou estão infetados.

Esta é a ordem de vacinação dos membros do Governo
O Primeiro-Ministro;
Os Ministros de Estado;
O Ministro da Defesa Nacional;
O Ministro da Administração Interna;
A Ministra da Justiça;
A Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social;
A Ministra da Saúde;
O Ministro do Ambiente e Ação Climática;
O Ministro das Infraestruturas e da Habitação;
Os Secretários de Estado do Ministério da Saúde;
Os cinco Secretários de Estado que exercem a função de coordenação regional no combate à pandemia;
A Secretária de Estado dos Assuntos Europeus;
Os demais ministros;
Os secretários de Estado dos Ministros dos ministros de Estado, da Defesa, Administração Interna, Justiça, Trabalho, Saúde, Ambiente e Infraestruturas;
Um Secretário de Estado dos demais ministros;
Os demais Secretários de Estado.

Ao mesmo tempo que o Governo definiu a ordem pela qual o Executivo será vacinado, solicitou a vários outros titulares de órgãos de soberania que definam a prioridade de vacinação nos respetivos órgãos.

Assim, foi solicitado ao “Presidente da República a identificação nominal dos elementos dos serviços da Presidência da República que devem ser considerados como prioritários nesta fase do Plano de Vacinação, bem como os membros do Conselho de Estado e os representantes da República para as Regiões Autónomas”.

Também foi pedido ao “Presidente da Assembleia da República a prioridade de vacinação dos deputados à Assembleia da República, bem como dos funcionários da AR que sejam essenciais ao seu funcionamento”. Recorde-se que alguns deputados já vieram dizer que não pretendem ser vacinados nesta fase.

O despacho refere que foram solicitadas ainda listagens a:
Presidentes dos Conselhos Superiores da Magistratura e dos Tribunais Administrativos e Fiscais;
Presidentes do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas;
Procuradora-Geral da República a priorização de vacinação dos magistrados do Ministério Público;
Aos presidentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira a ordem de prioridade na vacinação dos órgãos próprios das regiões Autónomas;
Provedora de Justiça a identificação da priorização dos funcionários da Provedoria de Justiça.

Cada órgão apresentará a sua listagem, sendo que o momento em que cada um destes será vacinado ficará nas mãos dos responsáveis pelo Plano Nacional de Vacinação.

Será, assim, a task force liderada por Francisco Ramos a definir, “tendo em conta a disponibilidade semanal de vacinas, a vacinação dos demais grupos integrados nesta fase, e tendo em conta a priorização definida nos termos dos números anteriores, determina o dia, a hora e o local de vacinação de cada uma destas pessoas”.

2 comments:

  1. Penso que o PR, o PM, o PAR e alguns ministros (o das Finanças, da Justiça, da Administração Interna) deveriam ser até os primeiros a serem vacinados. Até os líderes partidários, não me chocaria. A cadeia de comando tem de ser preservada.

    Outra questão é a não vacinação prioritária dos elementos afetos à Saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares, demais pessoal) e os que trabalham para o privado. Isto (não) é feito por uma questão ideológica. A lamentável MS está prenhe de ideologia e isso acarretou, acarreta e acarretará custos elevados, que incluem vidas humanas.

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  2. também não me choca que algumas pessoas devam ser vacinadas: o primeiro-ministro, o presidente, alguns juízes, o comando dos bombeiros, da protecção civil, das formas armadas, etc., são duas dezenas de pessoas, não mais - agora os outros? A propósito de quê? E à frente das pessoas que trabalham em hospitais, casas de saúde, centros de idosos, caixas de supermercado, professores... é indigno. A ministra da saude, com a prestação catastrófica que tem tido, se tivesse um pingo de consciência já se tinha demitido. Mas, não. E no fim disto tudo há-de ser agraciada com a Ordem do Infante e com um lugar de luxo.

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