“Com efeito, foi pelo espanto (thauma) que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, perante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e colocaram problemas a respeito das maiores, como os fenómenos da Lua, do Sol, e das estrelas, assim como da génese do universo.
E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante; portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam o conhecimento a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária.” (Aristóteles, Metafísica)
E de onde vem o espanto? O que o causa? A observação, mental, chocante, de que as coisas que pareciam ser afinal eram outras completamente diferentes, abre uma ruptura de perplexidade e contradição no sentido do real [havia já uma necessidade, não consciente, de sentido], momento a partir do qual a desadequação ao mundo, a ansiedade pela ruptura e a sede consciente de sentido, que guiam a sede de conhecimento que se instala, não mais abandonam a pessoa. Cada um saberá o momento em que essa perplexidade e ruptura de sentido se instalaram. Aos 12 anos.
"Somente artistas odeiam essa vida desleixada de maneiras emprestadas e opiniões vagamente adequadas e desvendam o segredo, a má consciência de todos, o princípio de que todo ser humano é uma maravilha única; ousam mostrar-nos o ser humano tal como é, até ao último músculo, ele próprio e só ele ainda mais, que nesta rigorosa consistência da sua singularidade é belo e digno de ser contemplado, tão novo e incrível como toda obra da natureza, e de forma alguma enfadonho.
(...)
É assim que a filosofia de Schopenhauer também deve ser sempre interpretada em primeiro lugar: individualmente, pelo singular ser humano, sozinho para si mesmo, para obter algum insight de sua própria miséria e necessidade, [face ao mundo] de sua própria limitação. . . Ensina-nos a distinguir entre as promoções reais e aparentes da felicidade humana: como nem as riquezas, nem as honras, nem a erudição podem despertar o indivíduo de seu desânimo pela inutilidade da existência e como o esforço por esses objetivos pode receber significado apenas de um objetivo geral elevado e transfigurador: ganhar poder para ajudar a natureza e corrigir um pouco suas tolices e erros crassos. Começar por si mesmo; mas eventualmente através de si mesmo para todos." (marxist.org)
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