... para deixar a Terra respirar. Não o sagrado das religiões, a não ser naquele sentido original em que a religião significa, sentirmo-nos 're-ligados' ao todo como fazendo parte dele. Não se trata de andar para trás e ir fazer caminhadas druídas ao luar ou discursos de quem arde no fogo divino. Não, é necessário reinventar o sagrado como parentesco: ter uma aproximação ao mundo que vá para além do consumível, que o sinta e pense, não como um mero recurso ou capital de recursos, um utensílio, um instrumento de uso e consumo dos nossos desejos mas como um parceiro de vida, um outro de pleno direito que se ama, respeita e cuida, onde nos sentimos em casa e nos queremos demorar. Antropomorfizá-lo nesse sentido. Mudar este auto-erotismo humano, esta calocracia do supérfluo e do imediato. Dessacralizar a matemática da quantidade, dos dados, das estatísticas que impõem, desviam e corrompem: nem são factos nem interpretações e impedem uns e outras. Tirar poder à economia redutora que manda no mundo e deixa os políticos na berma da estrada com uma pequena margem de manobra a gerir reeleições. Precisamos de uma tecnologia menos bruta, mais limpa.
Precisamos de mais mundo e melhor mundo, não menos.
Precisamos de pensar que estamos de quarentena neste planeta: baixar o nível de gastos do supérfluo, cuidar da saúde mental, cortar as tarefas inúteis do trabalho, embrenhar-se mais na cultura, parar para pensar, ter cuidado com os outros, produzir o que é necessário, investir nos serviços que nos ajudam, pensar no planeta em termos de futuro.
NASA
via Aimee
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