... que pôs fim a 60 anos de domínio espanhol, num sábado de 1640, dia 1 de Dezembro, no Terreiro do Paço, quando mataram o secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos e prenderam Margarida de Sabóia, a duquesa de Mântua, prima de Filipe IV (III nosso) e vice-rainha de Portugal.
Foram 120 os conspiradores que, na manhã de 1 de Dezembro de 1640, invadiram o Paço da Ribeira, em Lisboa, para derrubar a dinastia espanhola que governava o país desde 1580. Miguel de Vasconcelos, que representava os interesses castelhanos, foi morto a tiro e atirado pela janela.
Foi do balcão do Paço que foi proclamada a coroação do Duque de Bragança, futuro D. João IV, e foi também dali que foi ordenado o cerco à guarnição militar do Castelo de S. Jorge e a apreensão dos navios espanhóis que se encontravam no porto. A restauração da independência só seria reconhecida pelos espanhóis 27 anos depois, com a assinatura do Tratado de Lisboa.
Impostos
A coisa começou com a revolta do Manuelinho. A revolta do Manuelinho, em 21 de Agosto de 1637, surge na sequência do anúncio de novos impostos. De cariz popular, estende-se ao Alentejo e Algarve, e só forças militares enviadas de Castela conseguem reprimir a vontade das populações.
O anúncio de novos impostos foi o rastilho da revolta que começou nas ruas e incendiou as casas de nobres e representantes da coroa espanhola na cidade. Os comunicados, emitidos por uma junta governativa nomeada pelo povo, são assinados pelo Manuelinho, um conhecido personagem, considerado louco, que vagueava pala cidade.
Évora entrou num sistema de autogoverno e a revolta estendeu-se a outros pontos do Alentejo e do Algarve, assumindo grande proporções. No ano seguinte, Filipe III de Portugal vê-se obrigado a enviar dois exércitos com um total de mais de 10 mil homens para subjugar as regiões revoltadas.
Registam-se intensos combates em algumas localidades e a repressão é forte. Vários líderes da revolta são capturados, julgados e mortos. Outros escapam e são condenados à revelia.
A revolta do Manuelinho, também conhecida como as Alterações de Évora, é apontada como o acontecimento que motivou a nobreza portuguesa a iniciar a conspiração que viria a resultar na declaração de independência de 1640.
Registam-se intensos combates em algumas localidades e a repressão é forte. Vários líderes da revolta são capturados, julgados e mortos. Outros escapam e são condenados à revelia.
A revolta do Manuelinho, também conhecida como as Alterações de Évora, é apontada como o acontecimento que motivou a nobreza portuguesa a iniciar a conspiração que viria a resultar na declaração de independência de 1640.
Os nobres viam os seus cargos ocupados pelos espanhóis, tinham perdido privilégios, eram obrigados a alistar-se no exército castelhano e a suportar todas as despesas. Também eles empobreciam e era quase sempre desvalorizada a sua qualidade ou capacidade. A corte estava em Madrid e mesmo a principal gestão da governação do reino de Portugal, que era obrigatoriamente exigida de ser realizada in loco, era entregue a nobres castelhanos e não portugueses.
Estes últimos viram-se afastados da vida “palaciana” e acabaram por se retirar para a província, onde viviam nas suas casas senhoriais e solares, para poderem sobreviver com alguma dignidade imposta pela sua classe social.
Portugal, na prática, era como se fosse uma província espanhola, governada de longe. Os que ali viviam eram obrigados a pagar impostos que ajudavam a custear as despesas do Império Espanhol que também já estava em declínio. Na década de 1630, a corte de Madrid, nas suas tentativas de uniformizar os vários reinos da dinastia de forma a acentuar a sua integração, lançou um novo imposto “por fuego”, no que foi considerado uma violação dos acordos das Cortes de Tomar de 1581.
Foi então que um grupo de nobres e burgueses – cerca de 40 conjurados- começou a se reunir secretamente, procurando analisar a melhor forma de organizar uma revolta contra Filipe IV de Espanha (III de Portugal).
Estes últimos viram-se afastados da vida “palaciana” e acabaram por se retirar para a província, onde viviam nas suas casas senhoriais e solares, para poderem sobreviver com alguma dignidade imposta pela sua classe social.
Portugal, na prática, era como se fosse uma província espanhola, governada de longe. Os que ali viviam eram obrigados a pagar impostos que ajudavam a custear as despesas do Império Espanhol que também já estava em declínio. Na década de 1630, a corte de Madrid, nas suas tentativas de uniformizar os vários reinos da dinastia de forma a acentuar a sua integração, lançou um novo imposto “por fuego”, no que foi considerado uma violação dos acordos das Cortes de Tomar de 1581.
Foi então que um grupo de nobres e burgueses – cerca de 40 conjurados- começou a se reunir secretamente, procurando analisar a melhor forma de organizar uma revolta contra Filipe IV de Espanha (III de Portugal).
As reuniões conspirativas, que juntavam 40 nobres, aconteciam num anexo do palácio, então conhecido como o palácio de Antão Vaz de Almada, nome de um dos principais conspiradores. O acesso a este espaço fazia-se por uma das mais movimentadas zonas de Lisboa daquela época, uma situação que serviu de cobertura às actividades secretas.
O facto de o local se encontrar paredes meias com o Colégio de Santo Antão, um local onde se encontravam jesuítas procurados para as confissões, também ajudou a encobrir as movimentações que conduziram à restauração da independência.
Palácio da independência, no Largo de S. Domingos, ao pé do Rossio.
A revolta da Catalunha, em 1640, alimentou a esperança de uma restauração bem sucedida. Com os castelhanos a enfrentarem revoltas em várias frentes, os portugueses conseguiram repelir ataques e construir uma estratégia de defesa para os 28 anos seguintes.
Os conjurados aproveitaram um momento de fraqueza da coroa de Castela para realizar o golpe que colocou no trono o duque e Bragança. Sem a revolta da Catalunha, que atraiu o grosso das tropas de Castela, não teria sido possível assegurar a construção ou o reforço das fortificações fronteiriças de Portugal que, nos 28 anos seguintes, iriam suster os diversos ataques levados a cabo por Filipe IV de Espanha.
A Inglaterra também lucra com a restauração
Em 1661, mais de 20 anos de guerra tinham deixado o país “exausto e as populações desesperadas, com a sobrecarga dos impostos, as contínuas levas de soldados, a falta de mantimentos e o cansaço dos espíritos” e a fome alastrava a várias zonas do país.
Nesse ano, havia notícias seguras de que Espanha estava a preparar uma grande invasão de Portugal. Para agravar a situação, muitos países, incluindo a Santa Sé, não tinham ainda reconhecido a nova situação portuguesa.
Portugal estava cada vez mais dependente do apoio de Inglaterra e negociou, por isso, um novo tratado confirmativo da velha aliança luso-britânica e o casamento da princesa Catarina de Bragança com o rei de Inglaterra, Carlos II, que ocorreu no ano seguinte.
A temida invasão espanhola veio a acontecer uns meses depois. Os espanhóis chegaram a tomar posse de Évora, mas a invasão acabou por ser repelida pelo nosso exército, com a preciosa ajuda de milhares de soldados ingleses. Nova grande invasão foi tentada em 1665, mas mais uma vez sem sucesso.
Espanha e Portugal acabaram por assinar um tratado de paz e a guerra terminou finalmente. Portugal tinha garantido a independência conquistada em 1/12/1640.
O casamento de Catarina de Bragança com o rei de Inglaterra, tendo sido fundamental para o futuro de Portugal, custou muito ao país. O dote da princesa incluía o pagamento, por Portugal, de dois milhões de cruzados, que custaram muito a reunir.
A rainha (Leonor de Gusmão) terá dado o exemplo, desfazendo-se das suas numerosas e valiosas jóias. Empenharam-se pratas, jóias e outros tesouros de conventos e igrejas portugueses. E durante dois anos foi necessário dobrar o pagamento das sisas.
Além dos dois milhões de cruzados, o dote da princesa Catarina incluiu ainda a transferência, para os ingleses, da posse de Tânger, em Marrocos, e de Bombaim, na Índia.
Foi precisamente com Bombaim, oferecida pelos portugueses, que os ingleses iniciaram a sua presença na Índia e aí construíram um grande império, que se manteve até à independência indiana e paquistanesa no século XX…
(vortexmag.net)
É bom lembrar que perdemos a independência porque a Coroa e os nobres esbanjaram todo o dinheiro das Descobertas e das Índias, em luxos e guerras inúteis, nunca tendo aproveitado para fazer reformas no país, puseram no trono incompetentes e abandonaram o povo à sua sorte e à desesperança. Depois, sem dinheiro, sem exército e sem líderes, foi fácil a Filipe de Espanha distribuir favores, dinheiro e promessas vãs a nobres em troca de um Império já muito débil.
Interessante é ver que nada aprendemos com a História. Lembramos menos e pouco comemoramos uma data que nos trouxe a independência que outras datas de menor impacto. Lembrar esta data também serve para lembrar os erros que nos fizeram perder a independência e como foi difícil, depois, restaurá-la e pagá-la.
Interessante é ver que nada aprendemos com a História. Lembramos menos e pouco comemoramos uma data que nos trouxe a independência que outras datas de menor impacto. Lembrar esta data também serve para lembrar os erros que nos fizeram perder a independência e como foi difícil, depois, restaurá-la e pagá-la.
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