Chumbar um aluno “não serve para nada”, diz presidente do Conselho Nacional de Educação
“É muito importante que se perceba que a alternativa não é, nem pode ser, entre chumbar ou passar sem saber”, defende em entrevista à agência Lusa, no âmbito dos dois anos de mandato à frente do CNE....“Tanto se pode acusar de facilitismo em relação aos alunos, como se pode acusar a escola de facilitismo, porque diz: “ai não aprendes, ficas, repetes”. Isso é que é facilitismo, acho eu”, disse a pedagoga formada em Ciências da Educação.
Dando como exemplo o caso finlandês, onde não se chumba e os resultados são de excelência nos testes internacionais, Maria Emília Brederode Santos defende que a cultura de reprovação dos países do sul “tem de mudar”.
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Maria Emília Brederode Santos admite que possa haver nesta fase “um certo desnorte” entre os professores, provocado por um “excesso de documentos orientadores” — o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, o diploma da educação inclusiva, as regras da flexibilidade curricular — que não lhes permite perceber o que devem seguir, mas acredita que é “uma fase transitória” e que se a desordem servir para estimular o debate, “não é necessariamente negativo”.
Em primeiro lugar ninguém chumba um aluno com este espírito, 'ai não aprendes, ficas, repetes'. Os alunos não passam porque não têm os conhecimentos mínimos necessários para poder acompanhar o trabalho do ano seguinte. Isso pode ter acontecido por muitas razões. Tiveram percursos anómalos e faltam-lhes conhecimentos estruturantes básicos. Por exemplo, um aluno do 10º ano, este ano, respondeu às questões de um teste de inglês, em português, porque não sabe inglês... a professora ficou estupefacta. As razões para ter chegado ao 10º ano neste estado podem ser muitas mas a verdade é que não está preparado para acompanhar o trabalho.
Em segundo lugar, a maioria dos alunos quer que o professor venha 'dar' a aula e resiste fortemente a ser autónomo e a participar no seu próprio sucesso. Sobretudo em certas áreas, que todos sabemos quais são, onde os alunos vão parar pela negativa, quer dizer, para fugir de outras.
Muitos alunos vêm de ambientes onde os pais não lêem, nunca os levaram a um museu, não os incentivaram a pensar, a investigar para debater um assunto... vivem agarrados ao telemóvel, usam a internet para jogar, para estar nas redes sociais e ver filmes e pouco mais. Não têm hábitos culturais e tudo aborrece porque cresceram numa sociedade de entretenimento e só querem mesmo ser entretidos. Portanto, esta senhora, não tem conhecimento da realidade.
Finalmente, o caso finlandês, que não é totalmente o que se pensa (no ano passado, acho que contei no blog a impressão que os professores e os alunos trouxeram de uma escola finlandesa), tem certas particularidades: as turmas são pequeninas para se poder trabalhar individualmente com os alunos, nenhum encarregado de educação vai para a escola querer substituir os professores, gritar com professores, bater em professores, etc. As escolas têm técnicos especializados. Existe uma certa uniformidade de contextos sociais entre os alunos. Chegam às escolas já de contextos que valorizam a educação. Os professores são valorizados, têm autonomia, boas condições de trabalho, etc.
Aqui estão sobrecarregados com turmas cheias, cheias de alunos problemáticos. Depois têm uma carga burocrática muito grande. Aulas de apoio que não contam como aulas. Alguns vêm de longíssimo trabalhar ou têm que dar aulas em duas escolas para conseguir pagar as contas... estou farta que nos falem da Finlândia.
Como é que esperam que o ensino melhore se todos os anos cortam mais orçamento à educação. Acham que fazemos milagres? Que temos uma varinha de condão e com ela pomos os alunos a aprender por magia? Os pais a colaborar?
Porque é que estas pessoas não vão dois ou três anos para uma escola dar aulas?
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