May 11, 2021

Pormenores

 


O que mais impressiona aqui é a luminosidade dourada que atravessa as penas e a sua maciez, como se fosse um anjo. Tenho um gosto especial por anjos e asas de anjos (com esta idade já não devia acreditar em anjos 🙂)

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Na mitologia grega, Ícaro era o filho do famoso artesão Daedalus, o criador do Labirinto, onde vivia o Minotauro, uma criatura meio homem meio touro. Para que o segredo do Labirinto fosse guardado, Minos, o Rei de Creta, tinha encarcerado Dédalo e Ícaro numa torre acima do seu palácio. Daedalus conseguiu criar dois conjuntos de asas para si e para o seu filho, feitas de penas coladas com cera. Ensinou Ícaro a voar e avisou-o para não voar demasiado alto, para a cera não derreter, nem demasiado baixo, para que as penas não se molhassem com a água do mar. Juntos, voaram para fora da torre em direcção à liberdade. Contudo, Ícaro esqueceu os avisos do pai e começou a voar cada vez mais alto para perto do Sol e a cera começou a derreter. As suas asas dissolveram-se e ele caiu no mar onde se afogou.


greekmythology.com/Myths/Mortals/Icarus



René Milot -
(Freelance illustrator) - A Queda de Icarus. 


Mais um objecto que só por si dava para escrever um romance





Fecho de Caveira, em osso, feito nos anos 1490, foi concebido para um Livro de Horas transportado por um peregrino na sua viagem religiosa. 

Fonte: Biblioteca Nacional da Suécia. 

                                                                    




Irlanda VS Portugal

 


Nós ganhamos em quantidade, mas perdemos no que verdadeiramente interessa...


Quem está farto do Vieira, do palheiro do Vieira e dos milhões do Vieira e do NB

 


... e de nós pagarmos este circo todo de vigaristas encartados, ponha o braço no ar. Livrem-nos desta gente!




Gosto imenso desta pintura - o observador que é observado?

 


A maneira como o autor pôs a mulher no Mondrian, um ponto vermelho ao lado de uma pequena linha azul vertical e nós, que vemos o homem que vê a mulher que vê o ponto vermelho, que não é o dela. E a maneira como a perna dele está flectida que indica tempo de repouso no olhar. E o resto um branco indistinto. Humor. 



Tim Eitel

Que título?

 


Gosto daquele triângulo pesado que ela suporta na cabeça e lhe pesa tanto que a curva toda, escorre pelo cabelo e obriga a sustentar a cabeça com as mãos. O torso e os braços, vermelhos, cor do sangue e da vida, demasiado pesados para o resto do corpo.



lorenzo mattotti

Sweet 🙂

 




 David Renshaw

This. So peaceful

 




danielle richard

Post sem interesse nenhum. Mesmo

 


Agora apareceu-me um quisto numa pálpebra! Epá, não podia ser noutro sítio...? ... estou aqui a imaginar como é que o médico vai tirar isto daqui sem me furar o olho. Chiça... já estou stressada com isto. Cenas chatas.

Este post não é para ninguém ver, é só para expelir stress. Vou à procura de qualquer coisa tranquila. Como dizia a minha avó, é só ralações.


Um filme de terror dentro de uma escola

 


Há normas absurdas nesta obsessão de manter todos os adolescentes dentro das escolas à força, mesmo que sejam violadores ou delinquentes, como se isso fosse a inclusão e o desejável que depois quando se juntam uma dezena de delinquentes sérios numa escola temos estas situações.



Ponte de Sor -sinto-me aterrorizado


Na Escola Secundária de Ponte de Sor, o fosso existente entre os membros da comunidade escolar parece não parar de crescer. Os estudantes sentem-se ameaçados, os professores impotentes, os encarregados de educação revoltados e a associação de pais critica a falta de comunicação com a direção.


Numa região de transição entre o Norte e o Sul, encontra-se Ponte de Sor. A cidade que está a aproximadamente 62 quilómetros de Portalegre, pertencendo ao distrito homónimo, já esteve nas bocas do mundo pelas mais variadas razões. No entanto, é o clima vivido na escola secundária do agrupamento que mais preocupa os encarregados de educação – que temem a frequência do estabelecimento por parte dos filhos, os alunos – que revelam não aprender nas condições ideais e os professores – que dizem ter medo de dar aulas. No entanto, o diretor do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, Manuel Andrade, garante que a escola tem “problemas e dificuldades como todas as escolas têm”.

“Os professores perderam completamente a autoridade”

Jorge (nome fictício) é pai de Santiago (nome fictício), um adolescente de 17 anos, e assevera que quem destabiliza o ambiente da escola são “indivíduos que gritam, fazem aquilo que querem e os auxiliares de educação têm medo”. Segundo o encarregado de educação, estes alunos “estão habituados à impunidade” e tal leva a que “muitas coisas fiquem abafadas e não sejam comunicadas às autoridades”.

O progenitor avança que tem conhecimento de que os professores se queixam à direção e nada acontece, sendo que “perderam completamente a autoridade naquela escola”. A título de exemplo, um dos docentes já terá sido rodeado por um grupo de estudantes que queriam agredi-lo. Para Jorge, “a escola tem de ser um lugar seguro” e tal não se verifica na Escola Secundária de Ponte de Sor, onde “há alcoolismo e consumo de estupefacientes”. Mas, como “as escolas vivem de estatísticas e os professores até são obrigados a passar os alunos de ano”, as crianças e os jovens problemáticos continuam a ter os mesmos comportamentos.

Numa missiva de 23 páginas enviada ao i, Manuel Andrade, presidente do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, começa por esclarecer que “no que diz respeito a estupefacientes é de referir que o Agrupamento tem procedimentos articulados com os elementos da Escola Segura”, adicionando que “neste domínio sempre que tal se justifica são interpelados alguns alunos e realizadas ações de sensibilização e dissuasão com a presença de brigadas da GNR com cães”, sendo que “até este momento não foi detetada a presença de nenhuma substância”.

Porém, confirma a existência de “influências e interações que se estabelecem à volta das escolas, onde circulam adolescentes”. Por outro lado, o tenente-coronel João Fonseca, chefe da divisão de comunicação e relações públicas da GNR, explicita que “relativamente a situações relacionadas com o tráfico de produtos estupefacientes e/ou posse de armas”, as secções de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC) e os militares do posto territorial de Ponte de Sor “têm incidido o seu policiamento junto à escola bem como nas suas imediações, principalmente nos horários dos intervalos letivos, tendo sido remetidas ao Ministério Público as denúncias referentes a este tipo de situações de que a Guarda tem conhecimento”.

“O facilitismo é o aspeto mais gritante. Aqueles que estudam e se portam bem olham para os pares que fazem o inverso e veem que não há consequências. Sentem-se desiludidos e desvalorizados, assim como indignados”, denuncia Jorge, que encara este panorama como “desgastante para os estudantes que se portam como deve ser”. “Estamos a criar pessoas irresponsáveis que, quando iniciarem a sua vida profissional, vão acabar por estar habituadas a ouvir ‘Sim’ a tudo e uma das grandes preocupações que tenho, enquanto pai, é que a palavra ‘Não’ deve ser ouvida”, confessa, rematando que “se calhar o Ministério da Educação não exerce o seu poder”.

“Há pessoas a entrar no mundo do crime enquanto deviam estar a estudar. A educação deve combater a escalada da criminalidade”, declara, admitindo que se sente extremamente assustado e desconfortável por saber “que os alunos andam com navalhas”.

Recorde-se que, a 18 de setembro de 2018, nesta mesma escola, um aluno, de 16 anos, foi esfaqueado por um colega, de 18. À época, o Comando Territorial de Portalegre da GNR elucidou que “o alerta foi dado cerca das 10h30 pouco depois de o aluno ter sido agredido com uma arma branca, uma faca, por um colega mais velho na zona da perna e da nádega”, sendo que a agressão ocorreu “no interior da escola, no decorrer de um intervalo”. A vítima foi assistida no local e depois transportada pelo INEM para o hospital de Abrantes, em Santarém.

“Relativamente ao uso de ‘navalhas’ durante este ano letivo, foi identificada uma aluna com a posse de um pequeno canivete. A escola, na presença desta situação, abriu o respetivo procedimento disciplinar tendo suspendido a aluna”, diz Manuel Andrade, informando que “no decurso do procedimento disciplinar apurou-se que a aluna tinha na sua posse esse objeto a pedido da própria mãe para que esta se defendesse do padrasto se tal fosse necessário”, acrescentando que “neste momento, esta aluna encontra-se institucionalizada numa instituição de acolhimento de crianças e jovens em risco” e assumindo que “para além deste caso não há referência a outros semelhantes”.

Todavia, não é este o panorama que dois professores descrevem ao i. O primeiro, Nuno (nome fictício), revela que “há alunos com uma navalha no bolso e mostram-na a quem quiser ver”, realçando que “quem controla o acesso às escolas tem medo” e “quem poderia fazer algo seria a GNR com uma rusga, mas não o faz”.

Para o docente que, tal como a maioria das fontes entrevistadas para a realização do artigo, não quer que a sua identidade seja revelada por medo de represálias, “os pais não têm o mínimo interesse nestas situações”, pois “são chamados às escolas e não fazem nada” e “uma das mães faz tráfico de droga, bebe, tudo aquilo que a CCPJ devia colmatar”.

“Já verifiquei que existem três ou quatro alunos com navalhas. Já tive alguns que me diziam quem assaltava casas e carros e como o faziam. Um deles foi apanhado em flagrante porque ia roubar a pistola de um GNR que estava dentro de um carro”, conta Pedro (nome fictício), outro docente.

O i contactou a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ), que reencaminhou o pedido de contacto à CPCJ de Ponte de Sor. Contudo, até à data de fecho desta edição, o i não obteve qualquer resposta.

“Os pais e encarregados de educação devem ter um papel sensibilizador junto dos alunos para estas problemáticas”, assim como a Associação de Pais que “deveria sensibilizar os encarregados de educação para que estas situações se evitassem”, explica Manuel Andrade, adiantando que, a seu ver, “se algumas destas situações acontecem é porque algo na educação dos alunos falhou ou está a falhar antes da escola”.


Tentativa de violação de uma aluna

“Num dia em que faltei, disseram-me que um deles tentou violar uma rapariga. No primeiro dia, falou-se disso e depois, nunca mais se tocou no assunto”, lembra Santiago, filho de Jorge, enquanto Sara (nome fictício), também estudante da escola, frisa que “uns três rapazes começaram a apalpá-la, tinham os genitais de fora”. Os professores dizem ter ouvido rumores, mas não confirmam a concretização do alegado crime no interior da escola.

“Eu não faço a mínima ideia daquilo que está a acontecer, de nenhuma situação menos regular. As situações de violação e porte de armas estão reportadas à GNR, à CCPJ, à Câmara Municipal e ao Ministério Público. Segundo sei, está uma investigação em curso. Também estão a decorrer processos tutelares e disciplinares educativos”, afirma, por sua vez, Raquel Freitas, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor.

Confrontado com esta informação, Manuel Andrade declara que “é importante esclarecer que, depois de apurados os factos que estiveram na origem desta situação, conclui-se que o que estava em causa era uma suposta brincadeira entre um pequeno grupo de alunos que, no corredor da escola, se desafiam no sentido de saber quem era capaz de puxar as calças / fato de treino para baixo aos colegas”, sendo que “numa dessas situações foram puxadas as calças a uma aluna”, “não tendo havido nada mais do que esta situação”.

Ainda assim, deixa claro que a estudante em causa comunicou aquilo que aconteceu à direção da escola e foram tomadas “as devidas medidas”. “Reitero que foi apenas isto que aconteceu, não tendo resultado daqui nenhuma outra situação mais grave. Depois deste episódio que aconteceu em novembro, não temos conhecimento de mais nenhuma situação semelhante. Para além dos assistentes operacionais que estão permanentemente de serviço aos blocos onde decorrem as aulas, foi mobilizado um Assistente Operacional que circula no meio dos alunos enquanto está a decorrer o intervalo”, deslinda, opondo-se ao tenente-coronel João Fonseca que, ao i, expõe que “a Guarda Nacional Republicana confirma o registo de uma denúncia relativa a uma tentativa de violação a uma aluna da Escola Secundária de Ponte de Sor”, finalizando que “foram efetuadas as diligências policiais necessárias, tendo os factos sido remetidos para o Ministério Público”.

Mas os supostos crimes não ficam por aqui. De acordo com Santiago, alguns alunos mandavam mensagens à sua namorada e pediu-lhes que parassem. “Entretanto, não me disseram mais nada, mas se ela for sozinha para a escola, mandam bocas e assobiam”, lamenta, criticando também o facto de que, no início do ano letivo, uma rapariga terá sido “apalpada por um deles e pediu que parassem”, enquanto outra aluna terá sido agredida. “Se eu pudesse, sem qualquer dúvida, mudaria de escola”, evidencia.

“São tantas coisas que é difícil contar. As miúdas são apalpadas e violentadas nos corredores e ninguém faz nada. Há situações que, todos os dias, acabam por nos desgastar. A direção aconselha-nos a que aguentemos e isso parece-nos ridículo”, desabafa Mariana (nome fictício), encarregada de educação de Sara, jovem que partilha a crença de que “toda a gente tem medo”, na medida em que “é uma escola que tinha tudo para dar certo”, mas os estudantes sentem-se amedrontados por um grupo de alunos que dominam o sistema escolar. “Sou assediada constantemente. Não tenho muito como me defender. Quanto mais conversa damos, mais sarilhos há”, clarifica.

“A associação de pais devia ser um parceiro da escola”

Raquel Freitas não sabe se o clima de medo ainda está instaurado na escola, contudo, no início do ano letivo que está em vigor, o mesmo existia quer na instituição quer nas suas imediações. “A maioria dos pais reporta as situações à escola e não às entidades competentes. Houve um conselho de segurança, promovido pelo município, onde as várias entidades presentes apresentaram propostas de solução e sei que a Escola Segura tem uma presença mais habitual nas imediações”, aclara, indo ao encontro das declarações, neste âmbito, de Manuel Andrade e do porta-voz da GNR.

“Ao nível da escola, para além de processos disciplinares, não tenho conhecimento de mais nada. Quando a associação de pais coloca questões à direção do agrupamento obtém respostas. Há situações que me chegaram por portas travessas, porque os pais falam uns com os outros”, desvenda a dirigente, especificando que aqueles que serão jovens delinquentes “estão identificados, têm determinadas problemáticas, são seguidos, a maioria chega a processo tutelar educativo e a escola tenta tomar medidas”, mas existe um impedimento.

Quando a CCPJ tenta atuar, “as famílias não dão autorização para prosseguir e os casos vão para tribunal” e, “a partir daí, entra em segredo de justiça”. Na ótica da advogada de profissão, “as atitudes mais violentas alastram a outros alunos para além destes identificados pela escola” e, por esta e outras razões, “a associação de pais devia ser um parceiro da escola, uma ponte entre escola e encarregados de educação, mas não está a acontecer isso nem de uma parte nem de outra”.

“Entendo que estas matérias são sensíveis para serem usadas como arremesso ou como qualquer motivação política num ano que vai ser marcado por disputas ao nível das eleições autárquicas”, continua Manuel Andrade, aludindo à ligação do marido de Raquel Freitas ao PSD.

“Estas situações já foram apresentadas algumas vezes pela Senhora Presidente da Associação de pais, no entanto nunca foram apresentados nomes de pessoas envolvidas nestas situações. Qualquer entidade envolvida no processo educativo tem a responsabilidade de indicar de forma clara o nome das pessoas envolvidas nesses possíveis consumos ou tráficos”, sublinha o diretor para quem o ambiente da escola “globalmente é tranquilo, possibilitando que cumpra a missão educativa que tem prevista”, apesar de existirem “alguns problemas pontuais que surgem entre os alunos”.

Neste contexto, dá ênfase ao facto deste ser o único agrupamento de escolas da região e, por isso, receber alunos das mais variadas classes sociais e etnias, “todos os que aqui residem” e tal “pode significar que neste universo de cerca de 900 alunos possa haver alguns casos mais problemáticos para os quais são necessárias medidas adequadas e enquadradas nas nossas ações TEIP”, isto é, o Programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária.

De acordo com informação disponibilizada no site oficial da Direção-Geral da Educação, o programa anteriormente mencionado trata-se de “uma iniciativa governamental, implementada atualmente em 136 agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas que se localizam em territórios economica e socialmente desfavorecidos, marcados pela pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso escolar mais se manifestam” e, assim, são “objetivos centrais do programa a prevenção e redução do abandono escolar precoce e do absentismo, a redução da indisciplina e a promoção do sucesso educativo de todos os alunos”.

“No sentido de garantir as melhores condições para o funcionamento das atividades letivas nas escolas deste agrupamento”, segundo Manuel Andrade, terão sido contratados “os recursos que parecem mais adequados para dar resposta a estas solicitações”, ou seja, uma psicóloga, uma técnica de intervenção local, uma animadora sociocultural e uma educadora.

“Penso que a intervenção destas técnicas tem sido muito positiva no sentido de ajudar a resolver alguns problemas de aprendizagem e de comportamento de alguns alunos que se nos revelam mais problemáticos”, manifesta.

“A GNR é chamada e não faz nada”

Questionada pelo i acerca do panorama geral vivido na escola secundária, a GNR não esconde que “tem estado particularmente atenta à situação descrita, havendo alguns jovens devidamente referenciados por ações fora da escola que poderão interferir com a vida escolar, estando a Guarda sempre atenta e a dar resposta às ocorrências de que tem conhecimento relativas à escola”, destacando que “acresce informar que a GNR, no decorrer das ações de sensibilização realizadas pelos militares da SPC, em sala de aula, tem encontrado um ambiente de calma e respeito por parte dos alunos”.

João Fonseca explica que estas ações “visam não só a proatividade junto do estabelecimento de ensino, de forma a aproximar os militares e a comunidade escolar, como também assegurar a coordenação do cumprimento das diretivas e orientações relativas à prevenção criminal, policiamento de proximidade e segurança comunitária, em ações coordenadas de patrulhamento, fiscalização e sensibilização com as patrulhas realizadas pelo posto territorial, de forma flexível, e promovendo assim a visibilidade e segurança pública na área em apreço”.

Santiago e Sara têm uma perspetiva distinta. A cada dia, dizem deparar com “alunos que entram nas salas, andam por lá a dizer asneiras e voltam a sair”. A rapariga confidencia “que a direção devia fazer o seu trabalho, fazer com que estivéssemos seguros numa escola”, até porque “a GNR é chamada e não faz nada”.

“Já assisti a brigas em que os pais e alunos viram-se contra a GNR. Eles não respeitam ninguém. Nunca vejo o diretor da escola presente em nenhuma situação. Cada vez fica pior”, constata a adolescente que segue a mesma linha de pensamento de Santiago. “Estes alunos andam sempre em grupo, intimidam as pessoas, provocam e, se a pessoa responde, combinam entre eles e batem nessa pessoa. Eu tenho um amigo que levou porrada sem mais nem menos. Deram-lhe um murro, virou-se para trás e vieram mais pessoas”, exprime com a aflição patente na voz.

“Os professores têm muito medo, tanto que estes alunos entram nas salas, gritam, e só um ou outro os manda embora. E há um professor que foi chamado de anormal. Se alguém reage, não há ninguém que defenda essa pessoa”, descreve o rapaz.

O drama de quem (tenta) ensina(r)

Nuno dá aulas há vários anos e, ainda que considere que já enfrentou turmas complicadas, alega que este caso é mais perturbador do que os restantes. “Aquilo que eu tenho vindo a verificar é que seis, sete alunos são o terror dentro da escola e põem em causa toda a estabilidade que possa existir e provocam o terror de 900 pessoas. Nas minhas aulas, consigo controlar tudo porque não permito que as coisas tomem proporções graves, mas os comportamentos não são os melhores”, diz o profissional que expulsa das salas quem tem atitudes incorretas.

“Além de estarem sempre sem máscara, respondem mal aos professores e auxiliares, dão surras autênticas a outros alunos e o Conselho Executivo vai usando as ferramentas que tem para tentar resolver a situação”, lastima, transmitindo que em casos extremos, os alunos são suspensos, “mas não há sanções suficientemente fortes que sirvam de exemplo e, por isso, até já bateram num funcionário da CCPJ”.

Segundo o professor, os alunos podem ser colocados na rua e ser-lhes marcada falta disciplinar, sendo que tal é reportado ao diretor de turma que, por sua vez, transmite a informação “à direção se achar que é uma situação que merece essa intervenção”. Posteriormente, é instaurado um processo e, se a direção entender avançar com uma medida sancionatória, poderá ser de até 12 dias de suspensão e chegar ao extremo da proposta da mudança de escola. Porém, “este processo é muito moroso e difícil”, argumenta.

“Quando eles não estão na escola, nota-se uma diferença absolutamente extraordinária. Há certos colegas que perdem a vontade de dar aulas, assumem o seu desagrado e perdem a motivação. Não há volta a dar porque não há qualquer tipo de proteção. Nem que o professor faça o pino consegue que estes alunos se dediquem”, reconhece o docente, revelando que “os rufias são quase todos da mesma família – primos, irmãos, tios, tias, sobrinhos, sobrinhas – e estão todos à espera de fazer 18 anos para conseguirem sair da escola”.

Aliás, alguns deles relataram a Nuno “que não precisam de estudar porque vendem droga” e, no ano passado, uma professora terá sido “quase agredida fisicamente e o caso está em tribunal porque ela fez queixa e acabou por afastar-se do ensino”, declara, compreendendo que a colega não tenha suportado a pressão.

“Os técnicos da CPCJ que podem tomar alguma ação residem aqui e toda a gente sabe onde mora toda a gente nestas aldeias grandes que não são cidades. Em termos de estrutura escolar, a mesma coisa. Portanto, as pessoas tentam passar pelo intervalo dos pingos da chuva para tentarem fazer tudo da mesma forma”, começa por concluir. “Sinto-me aterrorizado. Temos dois mundos dentro de uma escola”, termina.

“Tive conhecimento de uma situação de um aluno que se recusou a vir para a escola, antes do segundo confinamento, por causa da covid-19. Então, os professores tinham de preparar materiais específicos para lhe enviar para que ele não perdesse as matérias. O aluno não quer saber da escola” e, num dos dias do período de isolamento, o rapaz terá ido à escola espancar um colega numa das casas de banho “e saiu como se nada fosse”.

“Não vou dizer que, quando há situações mais de confronto, estou completamente tranquilo. Numa manhã, fui dar aulas e havia um bloco que parecia um manicómio. Estava uma porta trancada e um miúdo bateu nela até se abrir para encontrar outro que lhe tinha feito algo. Está muito difícil”, relata o professor Pedro que acredita “que os confinamentos tenham agravado esta falta de formação de base porque é isso mesmo que falta”, sendo que “certamente que, em casa, com os pais, ainda faziam pior”.

Para combater esta realidade, o docente continua a dar o seu melhor, mas nem isso demove estes alunos. “Não lhes estamos a ensinar nada, é impossível fazê-lo. Tentam replicar os exemplos que têm em casa”, alerta, indicando que, no final do primeiro período deste ano letivo, havia brigas todos os dias. “Há disciplinas em que existem dois professores a dar aula porque há receio de se dar aulas sozinho. Temos de fazer algo para melhorar a nossa realidade porque, qualquer dia, não há professores. Somos autênticos fantoches que andam ali”, avisa.


Isto é tudo verdade e sem exagero, se peca é por defeito

 




Jacques Bouveresse acaba de morrer

 


Que má notícia. Que pena. Um homem gentil. Foi com ele que compreendi e aprendi a gostar de Wittgenstein. Ele era um especialista em Wittgenstein e em Musil e defendia a razão contra os mitos e os delírios.   

Ouvi-o há meia dúzia de anos na Gulbenkian, num colóquio que reuniu pensadores da filosofia e da ciência, a falar sobre o fim da verdade.

A Philomag tem uma entrevista com ele, feita por Nicolas Truong, de 2006, com o título, 'Os Filósofos contam a si próprios muitas histórias'.


Entrevista:

Jacques Bouveresse não revela muito, desconfiando de uma imprensa que é demasiado rápida para ceder ao sensacionalismo. Este académico exigente é conhecido pela sua postura crítica contra a impostura tanto filosófica como jornalística. Regressa a Ludwig Wittgenstein e Robert Musil, cuja coragem e inflexibilidade ele admira.

Professor no Collège de France, ocupa a cadeira de filosofia da língua e do conhecimento desde 1995. Tal como o seu amigo Pierre Bourdieu, Jacques Bouveresse é animado pelo "espírito do alpinista", do qual fez uma das principais características do sociólogo. Desde o Jura, onde nasceu numa família camponesa, até ao Bairro Latino, tornou-se filósofo por si mesmo, depois de ter sido tentado pela religião. Na década de 1960, a descoberta da lógica afastou-o da filosofia tradicional, do estruturalismo e do pós-modernismo. Manipulando ironia e sátira, bem como rigor conceptual, contribuiu para a renovação e divulgação da filosofia analítica em França, que, de Gottlob Frege a Ludwig Wittgenstein, concebe a disciplina filosófica como um meio de clarificar ideias, e da qual Le Mythe de l'intériorité constitui o epicentro. Autor de cerca de vinte obras sobre o papel da filosofia (La Demande philosophique), sobre Robert Musil (L'Homme probable), sobre Karl Kraus (Schmock ou le Triomphe du journalisme) ou sobre imposturas intelectuais (Vertiges et Prodiges de l'analogie), foi co-autor de uma autobiografia intelectual (Le Philosophe et le Réel) através de entrevistas conduzidas por Jean-Jacques Rosat, que publica o seu Essais com Agone. No próximo ano, a mesma editora irá publicar Peut-on ne pas croire?

Revista Philosophie: No quinto volume dos seus ensaios, dedicados a Descartes, Leibniz e Kant, e citando o filósofo Richard Rorty, segundo o qual "precisamos de imaginar Aristóteles a estudar Galileu [...] e a mudar a sua maneira de ver", defendem um "anacronismo consciente e fundamentado" que vos permite estabelecer um diálogo imaginário e crítico com os grandes filósofos que vos precederam. Em que medida podem estes filósofos ser tratados como contemporâneos?

Jacques Bouveresse: Na história da filosofia, há duas posições extremas que me parecem igualmente irrazoáveis. Por um lado, existe o sonho de alguns historiadores de conseguirem compreender os autores do passado como se fossem seus contemporâneos, de se transformarem de forma fictícia em leitores contemporâneos de Descartes, por exemplo, como se nada tivesse acontecido no pensamento desde o século XVII. Por outro lado, existe a atitude de tratar os filósofos do passado como se fossem nossos contemporâneos, como se os nossos problemas fossem os deles. 
Fui em busca de um meio termo, que não sacrifica nada da obrigação de compreender os grandes filósofos da tradição na sua própria língua, mas que não separaria a compreensão da avaliação. Afinal de contas, pode não ser completamente inconcebível que se possa ter feito algum tipo de progresso na própria filosofia, que saibamos coisas que os grandes filósofos do passado não puderam saber ou negligenciaram. Quando trabalho em Gottfried Leibniz, por exemplo, não hesito em usar autores como Gottlob Frege ou Kurt Gödel, que me ajudam a compreendê-lo melhor e a torná-lo ainda mais interessante. Refiro-me às neurociências quando leio Descartes de forma crítica, etc.
Faço isto desde 'O Mito da Interioridade', onde assumi o risco de um confronto mais ou menos directo entre Descartes e Wittgenstein sobre a natureza da mente. Os defensores da história tradicional da filosofia argumentam frequentemente que universos filosóficos tão distantes no tempo e tão diferentes não podem comunicar uns com os outros.
Discordo desta visão relativista, pois sempre acreditei na possibilidade e necessidade de discussão em filosofia, e numa forma de discussão que é possível tanto com os mortos como com os vivos.

A sua marginalidade filosófica e a sua ironia crítica nasceram da forma como a teoria francesa - Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jacques Derrida, etc. - recusou o princípio da discussão racional? - 

J. B. : Quando comecei os meus estudos, a discussão quase não tinha lugar no mundo dos filósofos e as tentativas de refutação eram consideradas por quase todos como inúteis. Foucault, Deleuze, Derrida... nenhuma das glórias filosóficas dos anos 60-1970 acreditava realmente na possibilidade e no valor da discussão, ao contrário dos grandes filósofos tradicionais, muitos dos quais parecem ter achado normal ouvir objecções e tentar responder-lhes. Deleuze disse mesmo, se bem me lembro, que um verdadeiro filósofo fugiria quando ouvisse falar de diálogo. De acordo com esta concepção "monológica" de filosofia, cada filósofo colocaria o seu próprio problema(s) e traria as suas próprias soluções. A única abordagem possível seria então utilizar os sistemas filosóficos existentes, certamente não para discutir e avaliar as suas propostas, mas para colocar e resolver outros problemas. Isto é o que Deleuze faz com Leibniz em The Fold, por exemplo. Não estou a dizer que não se pode ou não se deve fazer isto, mas penso que também se pode perguntar até que ponto o que os filósofos dizem pode ser considerado verdadeiro ou, pelo menos, aceitável. É claro que esta questão nunca foi de grande interesse para os representantes da teoria francesa, que tendem a considerá-la, juntamente com a questão da verdade, como desactualizada e incongruente. Em geral, não tenho atracção por ideias pós-modernas, e já o expliquei em 'Racionalidade e Cinismo'. Em suma, suportava melhor o teoricismo dogmático de Louis Althusser e dos seus alunos.

De Althusser, mantém a ideia de que a filosofia consiste em "não contar mais histórias"...

J. B.: Sim, penso que os filósofos contam a si próprios muitas histórias, especialmente sobre a dignidade particular da filosofia e a posição excepcional que ela deve ocupar na cultura, enquanto que isto é algo que a filosofia deveria, pelo contrário, acostumar-nos a evitar. Este é um ponto no qual tenho sido obviamente muito influenciado por Wittgenstein. Ele disse (mais ou menos) que em filosofia, raramente se consegue saber o que dizer sobre uma dada questão, mas que, por outro lado, muitas vezes pode-se saber claramente que certas coisas não podem ser ditas, e isso já é um benefício considerável. Este é um aspecto do trabalho filosófico que está longe de ser puramente negativo e que continua, para mim, a ser fundamental.

Daí a importância do vosso encontro com a obra de Ludwig Wittgenstein, cuja influência no vosso caminho filosófico tem sido e continua a ser imensa. Porquê?

J. B.: De certa forma, estou apenas a começar a libertar-me das suas garras! É um homem e uma obra que tem suscitado fascínio e devoção em muitos dos seus discípulos, apesar de nunca ter deixado de encorajar o distanciamento crítico de si próprio e dos seus ensinamentos. A sua personalidade e a sua vida podem fascinar tanto e mais do que a sua filosofia, e constituem, além disso, infelizmente, um motivo para esquecer que se trata de uma existência que, a partir de certa altura momento, foi dedicada apenas a uma coisa: a resolução de problemas filosóficos. O percurso intelectual de Wittgenstein tem obviamente pouco a ver com o de um académico clássico. Originalmente engenheiro, teve outros trabalhos para além do de filósofo, por exemplo como professor na Áustria entre 1922 e 1928. O único livro publicado durante a sua vida (numa edição que ele renegou) foi o Tractatus logico-philosophicus, em 1921. A sua segunda grande obra, The Philosophical Investigations, foi publicada apenas em 1953, dois anos após a sua morte. Felizmente, hoje temos todos os seus manuscritos em CD-Rom, o que representa um número considerável de páginas e uma mina ainda a ser explorada. Durante algum tempo, a influência de Wittgenstein foi principalmente no mundo anglo-saxónico, mas acabou por regressar à Europa, mesmo na sua Áustria natal. Quando me interessei pela sua obra, ele foi considerado um representante do positivismo lógico, embora um pouco mais subtil do que os outros, e portanto não um autor muito popular, especialmente por razões políticas.

O que têm Ludwig Wittgenstein e Robert Musil em comum, dois autores que têm alimentado constantemente o seu pensamento?


J. B.: Um dos elementos, entre muitos outros, que me fascinou foi a impressionante capacidade de autonomia e energia moral que ambos foram capazes de empregar para resistir à pressão do seu tempo e às exigências dos tempos. Dedicaram-se quase exclusivamente, em circunstâncias por vezes dramáticas, àquilo que consideravam uma obrigação absoluta, a tarefa das suas vidas. Robert Musil dedicou quase trinta anos a escrever um único romance, O Homem Sem Qualidades, que nunca foi capaz de completar, e nunca renunciou às suas exigências, mesmo nos seus últimos anos de exílio na Suíça, em pobreza. O que me impressiona é este sentido agudo das obrigações excepcionais que se tem para consigo próprio e para com o mundo em que se vive, enquanto que os intelectuais de hoje me parecem mais inclinados a reivindicar direitos excepcionais. Brian McGuinness, um dos biógrafos de Wittgenstein, falou de um "dever de génio", mas também havia uma sensação de estar sob o controlo de uma autoridade moral inflexível que não podia aceitar nada a não ser o melhor dele.

"Por qualquer razão imponderável, os jornais não são o que poderiam ser para a satisfação geral, os laboratórios e estações de testes da mente, mas sim intercâmbios e lojas", escreve Robert Musil, que está muito próximo do polémico vienense Karl Kraus (1874-1936), a quem dedicou um livro que revisita a sua grande batalha contra os meios de comunicação social. De onde vem o seu conhecimento sobre o porão do jornalismo?

J. B.: Comecei a ler Kraus nos finais dos anos 50 e não tive dificuldade em compreender porque é que ele sentia a necessidade de travar uma guerra contra o jornalismo. Acho que todos os dias que passam, especialmente com a crescente concentração e dependência da imprensa do poder económico, justificam um pouco mais as suas críticas. Sempre considerei a imprensa como um poder preocupante e facilmente abusivo, para o qual não é certo que possa haver contra-poderes apropriados.

Por razões óbvias, tenho estado um pouco mais interessado no que a imprensa e os meios de comunicação social têm a dizer sobre o mundo da cultura e da filosofia. Mas isto não é certamente o mais importante, mesmo que, olhando para as estrelas que hoje nos são oferecidas para substituir os mestres do pensamento da geração anterior, haja razões para nos preocuparmos com o declínio e a falta de discernimento daqueles que supostamente devem orientar o julgamento dos leitores. A situação agravou-se, parece-me, desde a época em que a nova filosofia, no final dos anos 70, privilegiou o juízo dos meios de comunicação social em detrimento do da universidade e procurou substituir a consagração "académica" pela consagração dos meios de comunicação social. É uma operação que tem sido bem sucedida. Não conheço nenhum outro país onde o divórcio entre a chamada filosofia "académica" e o que os meios de comunicação social consideram a filosofia viva e importante se tenha tornado tão radical. O triunfo da nova filosofia e o colapso, que teve lugar praticamente sem resistência, de tudo o que era antes importante, especialmente o marxismo, foi, devo dizer, um episódio humilhante para o intelecto.

Pode ser considerado um moralista do discurso filosófico e da moral?

J. B.: Em certa medida, sim. Os "assuntos" com que somos confrontados - desde as listas da Clearstream até à amnistia de Guy Drut pelo Presidente da República - lembraram-me mais uma vez de uma observação de Karl Kraus, que evoca "a lamentável impotência de pessoas honestas face ao atrevido". Considero desastroso que as pessoas honestas de hoje tenham tantas razões para se sentirem não só impotentes, mas também humilhadas e ofendidas.
Parece que apenas os retardados e os ingénuos em breve se considerarão vinculados pelas regras. Quando se vem de um passado humilde e foi ensinado a respeitar escrupulosamente as regras, ser regularmente confrontado com a desonestidade dos privilegiados é chocante: não é agradável ser obrigado a questionar-se se as pessoas que o ensinaram a respeitar os princípios não foram, de facto, enganados. 

No início, acreditava ingenuamente que a comunidade intelectual era, por razões intrínsecas, relativamente imune aos abusos de que estamos a falar e à corrupção em geral. Na realidade, a honestidade e os argumentos sérios não são muito melhores do que a retórica e a coragem. Aqui, como noutros lugares, são cada vez mais os números do mercado e das vendas que decidem. Não é certamente porque dois ou três livros vendem 100.000 ou 200.000 exemplares que estamos autorizados, como fazem os meios de comunicação, a falar de um renascimento da filosofia. Não é impossível que haja de facto um renascimento da disciplina, mas para o perceber, ter-se-ia de usar outros critérios e procurar em lugares onde nunca se olha. Para me cingir ao que me interessa, existem actualmente, sobre as questões e autores a que dediquei a maior parte dos meus esforços, vários jovens filósofos que apresentam excelentes obras. Mas mesmo quando conseguem publicá-las, há poucas hipóteses de serem ouvidas nos jornais, que, como todos sabem, lidam com coisas muito mais importantes.

(tradução minha)

Just looking? Observing? Judging?

 



Self Portrait by Robert Hannaford

🙂 Costacenteno versão tartaruga 🙂

 



imagem da net


Este... liquosólido...? é uma metáfora fantástica

 



Bom dia 🙂

 



já não sei onde fui buscar esta fotografia com estes pombos rosa tão giros, com uma cara cómica.

Como fazer com que as roupas durem indefinidamente

 


Agora fui dar com um artigo com dicas sobre este assunto e pus-me a pensar que as minhas roupas duram indefinidamente. Tenho um blusão-gabardine e um casaco curto de cabedal de quando tinha 13 anos! O blusão ainda tem o nome da minha irmã mais velha cosido no interior da gola - a minha mãe, como tinha a mania de nos vestir de igual quando éramos miúdas, e sendo 5 raparigas, mandava coser uma etiqueta com o nome de cada uma na gola para não haver confusões. Depois, como as roupas que não se estragavam iam passando de mão e nem sempre se lembravam de trocar a etiqueta da gola, às vezes acabávamos com roupa com o nome alheio. Está impecável, nem sequer tem a cor exterior -um encarnado sangue- desbotada bem como o forro, um tartan de flanela de algodão. Tenho roupas com 30 anos e mais. É por isso que, embora compre pouca roupa tenho coisas a mais. Já são muitos anos. Uma pessoa compra duas ou três camisas num ano e ao fim de 40 anos a comprar tem entre 80 a 120 camisas... vá que se estraguem umas quatro ou cinco... é um disparate. 

A ler o artigo, pus-me a pensar no que faço para a roupa durar tanto tempo sem se estragar e resolvi pôr aqui a minha experiência. Estas dicas, por assim dizer, só funcionam para quem quer que a roupa dure mais tempo, porque aquelas pessoas consumistas de roupa da última moda que todos os meses têm que comprar uma dezena de coisas não querem mesmo é que as roupas durem para terem um pretexto para ir às compras.

1. Compro roupa de qualidade. A roupa sem qualidade, o que se vê no toque do tecido, no grão, na densidade de fios e nas costuras, não dura muitas lavagens e acaba por sair mais cara porque tem que estar sempre a substituir-se. Quem quer que a roupa dure muito mais compra roupas sintéticas que desgastam-se menos, mas eu não gosto e tenho alguma alergia a fibras sintéticas de modo que compro algodão e tenho outros cuidados nas lavagens. E as roupas sintéticas são mais poluentes por causa dos micro-plásticos. Se compro uma gabardine tenho o cuidado de ver se pode ser lavada na máquina para não ter que mandar à lavandaria: é caro e mau para o ambiente, o uso daqueles químicos todos. Não compro nenhuma roupa sem ver a etiqueta do tecido e das lavagens.

2. A roupa lava-se de maneira diferente. O que mais desgasta a roupa são as temperaturas altas e, não tenho a certeza mas tenho a convicção de que a centrifugação é um stress muito grande para os tecidos. Uma espécie de martelo. Tudo o que posso lavar em ciclos curtos a 30º, 40º, é o que faço - é claro que há coisas que têm que lavar-se a 60º para matar germes, mas são poucas - lençóis, toalhas e isso. Mesmos estes, nunca os ponho a centrifugar a 1400 ou a 1200. Ponho a 1000 e é porque menos que isso as toalhas depois levam tempos infinitos no secador da roupa até estarem prontas e este é o electrodoméstico que gasta mais energia. Quando está a funcionar o contador da electricidade parece um pião a rolar furiosamente. Nunca carrego a máquina com o peso máximo do fabricante. A roupa fica enrodilhada e depois a água não consegue tirar todo o detergente, o que estraga as roupas, quer dizer, secarem com aqueles químicos a corroer; e faz alergias na pele. Há peças que não ponho sequer na máquina, embora a máquina tenha programas para roupa delicada. No Inverno ando muito de saias e portanto, uso meias. Collants. Um par de meias custa entre 25 a 45 euros e é o tipo de peça que se lava de cada vez que se usa. Se pusesse na máquina duravam um mês... As meias bem cuidadas, se não temos algum acidente, ao fim vários anos é que se estragam. Têm que lavar-se à mão e com cuidado. Há coisas que lavo pouco, como camisolas de lã ou saias, calças de fazenda. Se a lã é de boa qualidade é respirável e não precisa de andar sempre a lavar, a não ser que a pessoa ande a correr. Estas ponho-as na máquina no programa indicado (ponho as roupas sempre nos programas indicados na etiqueta) mas tiro-lhes a centrifugação. E não ponho lãs no secador da roupa, apesar de ter um programa para lãs, porque aquilo estraga as lãs. Tira-lhes densidade. As coisas que se lavam à mão e as lãs seco-as sempre à sombra, nunca ao sol. As coisas de Verão lavam-se mais e, por isso, desgastam-se mais. 

3. Não compro roupa apertada. Primeiro porque me incomoda e é feio e depois porque estraga a roupa num instante. Mesmo que seja de boa qualidade a pressão nas costuras dá cabo da roupa toda.

4. Armazenar roupa. Roupa como casacos, fatos e vestidos, se está muito tempo sem ser usada tem que estar coberta senão fica com manchas e pó encardido que às vezes já não saem. Mesmo que estejam em roupeiros fechados. Não se pode pôr em sítios húmidos que a emboloram -felizmente não tenho humidade em casa- e compro madeira de cedro que penduro nos roupeiros para afastar tracinhas. Ponho nas gavetas sacos de cheiros -lavanda, magnólia, etc- que afastam bichinhos que gostam de roupas e odeiam os cheiros. Alguma roupa branca, mesmo tapada, tem que ser lavada uma vez por ano, mesmo que não se vista porque os vincos descoloram a roupa. As camisolas têm que estar bem dobradas e as camisas se estão dobradas também. Ademais, quando as peças estão dobradas e empilhadas temos perfeita noção da quantidade de roupa, porque vê-se toda, ao contrário do que acontece quando está tudo às três pancadas no fundo do roupeiro: é bom para não ir comprar peças que não se precisa.

5. O que fazer às roupas que estão fora de moda. Bem, há várias hipóteses. Primeiro, compro roupas a pensar mais no que gosto e me assenta bem que na moda, mas se compro alguma coisa mais na moda, quando a moda passa, ou guardo, sabendo que as modas regressam ciclicamente ou reciclo-as. Para isso arranjei uma costureira de confiança e com bom gosto. Enquanto as roupas estão boas e gosto delas reciclo-as. Ela tem montes de ideias para fazer modificações de maneira que parecem outras roupas. Por exemplo, tenho vários calções de Verão com 20 anos ou mais. Alguns, a certa altura, achei que eram já curtos de mais para a idade que tinha. Fui buscar umas bermudas antigas de praia encarnadas às ricas e disse à costureira para pôr uma faixa larga das bermudas a meio da perna dos calções. Parecem outros e ficaram com muitos mais anos de uso. E quando esta faixa se rasgar corta-se mais um bocado das bermudas e substitui-se.

Algumas roupas dou, se ainda estão boas, porque já não as visto. Por exemplo, durante muitos anos, sendo a família muito grande, todos os anos havia casamentos, baptizados, festas de anos a torto e a direito. Acaba-se por comprar vestidos. Já não visto esses vestidos dessa época que já não são para a minha idade. Dei-os.

5. Sapatos. Tenho dado muitos sapatos. Um ou outro porque deixaram de servir-me e outros, a maioria, porque tinham um salto bastante alto e muito fino e já não calço sapatos com saltos assim tão altos e tão finos: ou uma coisa ou outra. 

Já tive muitos sapatos de cerimónia (dei muitos) à conta das tais festas e casamentos. Hoje em dia uso-os pouco. Não os uso no emprego como é evidente e não tenho assim tantas ocasiões de os usar. Ao contrário das outras pessoas que compram esses sapatos caros, sempre tentei comprá-los relativamente baratos, porque sabia que ia usá-los duas ou três vezes e dentro de portas. Para quê gastar um dinheirão? Os sapatos que compro caros são os sapatos de todos os dias. Os sapatos de ir para a escola que têm que durar anos a andar em cima deles quilómetros e quilómetros por ruas mal calcetadas, à chuva e ao calor, sem terem que ir ao sapateiro. Esses uso-os até se gastarem, o que geralmente são três anos para os sapatos e uns cinco ou seis para botas. Os sapatos têm que ser guardados em caixas ou em sacos, se são de tecido e mesmo os outros de pele, é preciso cuidado para que os saltos não danifiquem outros sapatos e é preciso tratar da pele e alimentá-la com graxa, cera ou algum hidratante para não secar e quebrar. Alguns têm que guardar-se com aquelas formas de papel para não se deformarem nas pontas.

Basicamente é assim que tenho roupa com mais de 40 anos ainda com bom aspecto. Não é complicado - exige alguns cuidados e rotinas.


Leituras de insónias - E se as nossas mentes vivessem para sempre na internet?

 


E se as nossas mentes vivessem para sempre na internet?

Michael Grazziano

Imagine que o cérebro de uma pessoa poderia ser digitalizado em grande detalhe e recriado numa simulação em computador. A mente e as memórias, as emoções e a personalidade da pessoa seriam duplicadas. Com efeito, uma versão nova e igualmente válida dessa pessoa existiria agora, de uma forma potencialmente imortal, digital. A esta possibilidade futurista chama-se uploading da mente (carregamento da mente?)  A ciência do cérebro e da consciência sugere cada vez mais que o uploading da mente é possível - não existem leis da física que o impeçam. É provável que a tecnologia esteja longe no nosso futuro; pode levar séculos até que os detalhes sejam completamente trabalhados - e no entanto, dado o interesse e o esforço já direccionados para esse objectivo, o "upload" da mente parece inevitável. Claro que não podemos ter a certeza de como isso poderá afectar a nossa cultura, mas à medida que a tecnologia de simulação e as redes neurais artificiais se formam, podemos adivinhar como poderá ser esse futuro de carregamento de mente.

Suponha que um dia vai a uma clínica de uploading para que o seu cérebro seja digitalizado. Vamos ser generosos e fingir que a tecnologia funciona perfeitamente. Já foi testada e depurada de vírus. Capta todas as suas sinapses com detalhe suficiente para recriar a sua mente única. Dá a essa mente um corpo virtual, de qualidade, que é razoavelmente confortável, com o seu rosto e voz ligados, num ambiente virtual como um jogo de vídeo de alta qualidade. Vamos fingir que tudo isto se tornou realidade.

Quem é esse segundo você?

O primeiro você, vamos chamar-lhe o "você biológico", pagou uma fortuna pelo procedimento. E, no entanto, sai da clínica tão mortal como entrou. Continua a ser um ser biológico e, eventualmente, morrerá. Ao conduzir para casa, pensa: "Bem, isso foi um desperdício de dinheiro".

Ao mesmo tempo, o simulado acorda num apartamento virtual e sente-se como se fosse o mesmo de sempre. Tem uma continuidade de experiência. Lembra-se de entrar na clínica, passar um cartão de crédito, assinar um consentimento, deitado sobre a mesa. Sente-se como se estivesse anestesiado e depois acorda de novo noutro lugar. Tem as suas memórias, a sua personalidade, os seus padrões de pensamento e as suas emoções. Senta-se numa cama nova e diz: "Não acredito que tenha funcionado! Definitivamente vale a pena o custo".

Não lhe chamarei mais "aquilo", porque essa mente é uma versão de si. Chamar-lhe-emos "o você simulado". Este decide explorar. Sai do seu apartamento para a luz do sol de um dia perfeito e encontra uma versão virtual da cidade de Nova Iorque. Sons, cheiros, vistas, pessoas, a sensação da calçada sob os pés, tudo está presente - com menos lixo no entanto, e os ratos são inteiramente higiénicos. Fala-se com estranhos de uma forma que nunca se faria na verdadeira Nova Iorque, onde se receia que um pedestre impaciente possa dar-lhe um murro nos dentes. Aqui, não pode ser ferido porque o seu corpo virtual não se pode partir. Para num café e bebe um café com leite. Não sabe bem. Não parece que nada lhe esteja a entrar no estômago. E nada entra, porque não é comida verdadeira e não tem estômago. É tudo uma simulação. O detalhe visual sobre a mesa é imperfeito. Não há areia para a ferrugem. Os seus dedos não têm impressões digitais - são suaves, para guardar a memória em detalhes finos. A respiração não é o mesmo. Se suster a respiração, não fica tonto, porque o oxigénio não existe neste mundo virtual. Encontra-se equipado com um smartphone simulado complementar, e liga para o número que costumava ser seu - o telefone que tinha consigo, há apenas algumas horas atrás na sua experiência, quando entrou na clínica.

Agora o você biológico atende o telefone.

"Yo", diz o você simulado. "Sou eu". És tu". O que se passa?"

"Estou deprimido, é o que é. Estou no meu apartamento a comer gelado. Não acredito que gastei todo aquele dinheiro para nada".

"Nada?! Não acreditarias como é aqui dentro! É um lugar fantástico. Lembras-te do Kevin, o tipo que morreu de cancro na semana passada? Ele também está aqui! Ele está bem, e ainda tem o mesmo emprego. Ele fala por Skype com o seu antigo estúdio de yoga três vezes por semana, para dar a sua aula de fitness. Mas a sua namorada no mundo real deixou-o por alguém que ainda não está morto. Ainda assim, há aqui muitas pessoas novas para namorar".

Tenho de resistir a deixar-me levar pelo humor da situação. Por baixo dos detalhes está um enigma filosófico muito real que as pessoas acabarão por ter de enfrentar. Qual é a relação entre o seu eu biológico e o simulado ?

Prefiro pensar na situação de uma forma geométrica. Imagine que a sua vida é como o caule da letra Y. Nasce na base, e à medida que cresce, a sua mente é moldada e mudada ao longo de uma trajectória. Depois deixa-se sondar, e a partir desse momento, o Y ramifica-se. Existem agora duas trajectórias, cada uma igualmente e legitimamente você. Digamos que o ramo esquerdo é o ramo simulado, e o ramo direito é o ramo biológico. A parte que vive indefinidamente é representada tanto pelo caule do Y como pelo ramo da esquerda. Tal como o seu eu infantil vive no seu eu adulto, o caule do Y vive no seu eu simulado. Uma vez terminado o scan, os dois ramos do Y prosseguem ao longo de diferentes percursos de vida, acumulando diferentes experiências. O ramo direito morrerá. Tudo o que lhe acontece após o ponto de ramificação não consegue alcançar a imortalidade - a menos que opte por se scanear a si próprio novamente, caso em que aparece outro ramo, e a geometria torna-se ainda mais complicada.

O que emerge não é um único "você", mas sim uma versão topologicamente intrincada, um "você" hiper com dois ou mais ramos. Um desses ramos vai ser sempre mortal e os outros têm uma duração de vida indefinida, dependendo de quanto tempo a plataforma informática é mantida.

Pode pensar que, uma vez que a eu biológico que vive no mundo real e a simulação que vive num mundo virtual nunca se encontrarão, nunca deverá encontrar quaisquer complicações de coexistência. Mas hoje em dia, quem precisa de se encontrar pessoalmente? De qualquer modo, interagimos principalmente através de meios electrónicos. O você simulado e o biológico representam duas instâncias totalmente funcionais, interactivas, capazes de competir dentro do mesmo universo maior, interligado, social e económico. Poderão facilmente encontrar-se por vídeo-conferência.

Ao nível mais simples, o 'upload' da mente preservaria as pessoas numa vida após a morte por tempo indeterminado. As famílias poderiam ter um jantar de Natal com a avó simulada a participar na videoconferência, o ecrã apoiado no fim da mesa - presumindo que ela já não tem tempo para a sua família biológica, dadas as ricas possibilidades no recreio simulado. É este tipo de vida após a morte idealizada que as pessoas têm em mente, quando pensam nos benefícios do 'upload' da mente. É um paraíso feito pelo homem.

Mas ao contrário de um paraíso tradicional, não é um mundo separado. Está perfeitamente ligado ao mundo real. Pense em como interage com o mundo neste momento. Se vive o típico estilo de vida ocidental, então a parte mais pequena da sua vida envolve interagir com as pessoas no espaço físico à sua volta. A sua ligação com o mundo maior é quase inteiramente através de meios digitais. As notícias chegam até si num ecrã ou através de auriculares. Os locais distantes são reais para si, principalmente porque aprende sobre eles através de meios electrónicos. Políticos, celebridades, mesmo alguns amigos e familiares podem existir para si, principalmente através de dados. As pessoas trabalham em escritórios virtuais onde só conhecem os seus colegas através de vídeo e texto.

Cada um de nós pode muito bem já estar num mundo virtual, com um fluxo constante de informação a passar por CNN, Google, YouTube, Facebook, Twitter e texto. Vivemos numa espécie de multiverso, cada um de nós numa bolha virtual diferente, as bolhas ocasionalmente fundem-se no espaço real e depois separam-se, mas sempre ligadas através da rede social global. Se for criada uma vida após a morte, virtual, as pessoas que nela vivem, com as mesmas personalidades e necessidades que tinham na vida real, não teriam qualquer razão para se isolarem do resto de nós. Muito pouco precisa de mudar para elas. Socialmente, politicamente, economicamente, o mundo virtual e o mundo real ligar-se-iam a uma civilização maior e sempre em expansão. O mundo virtual poderia muito bem ser simplesmente outra cidade na Terra, cheia de pessoas que migraram para ela.

Vivemos sempre num mundo em que a cultura se transforma com cada geração. Mas o que acontece quando as gerações mais velhas nunca morrem, mas permanecem igualmente activas na sociedade? Não há razão para pensar que os vivos terão qualquer vantagem política, económica, ou intelectual sobre os simulados.

Pense nos empregos que as pessoas têm no nosso mundo. Muitos deles requerem acção física, e esses são os empregos que serão provavelmente substituídos por autómatos. Motorista de táxi? Os carros partilhados publicamente, auto-conduzidos, estão quase a chegar. Limpadores de rua? Operadores de caixa? Operários da construção civil? Pilotos? Todos estes trabalhos vão provavelmente desaparecer a médio e longo prazo. A robótica e a inteligência artificial irão assumi-los. O resto dos nossos trabalhos, as nossas contribuições para o mundo maior, são feitos através da mente, e se a mente pode ser carregada, pode continuar a fazer o mesmo trabalho. Um político pode trabalhar a partir do ciberespaço, assim como do espaço real. Também um professor, ou um gestor, ou um terapeuta, ou um jornalista, ou o tipo do departamento de queixas.

O CEO de uma empresa, um tipo Steve Jobs que moldou um conjunto de ligações neuronais no seu cérebro que o torna excepcional no seu trabalho, pode gerir a partir de um escritório remoto e simulado. Se tiver de apertar a mão, pode tomar posse temporária de um robô humanóide, uma espécie de rent-a-bot partilhado, e passar algumas horas no mundo real, encontrando-se e cumprimentando. Mesmo chamar-lhe o mundo "real" parece-me prejudicial. Ambos os mundos seriam igualmente reais. Talvez o melhor termo seja o mundo "fundador" e o mundo "nuvem".

O mundo da fundação estaria cheio de pessoas que são meros jovens - principalmente com menos de 80 anos - que ainda estão a acumular experiência valiosa. A sua responsabilidade seria a de ganhar sabedoria e experiência antes de se juntarem às fileiras do mundo das nuvens. O equilíbrio de poder e cultura mudaria rapidamente para a nuvem. Como poderia não o fazer? É aí que o conhecimento, a experiência e as ligações políticas se irão acumular. Nesse cenário, o mundo das fundações torna-se uma espécie de palco larval para mentes imaturas, e o mundo das nuvens é onde a vida realmente começa. O 'upload' da mente poderia transformar a nossa cultura e civilização mais profundamente do que qualquer outra coisa no nosso passado.

Michael SA Graziano é professor de psicologia e neurociência na Universidade de Princeton.

(tradução minha)

15 minutos de Tolstói - Guerra e Paz V

 




Infográfico de hoje - o impacto dos funerais no ambiente!

 




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